Uma situação relativamente comum, mas ainda não notada por razoável quantidade de advogados que atuam predominantemente para reclamantes.
É o que denomino de “INICIAL COMBO”.
Inicial “Combo” é aquela que simplesmente transcreve uma série de nomes supostamente presentes em documentos médicos apresentados pelo reclamante que, no conjunto, acabam refletindo uma condição patológica difusa, geralmente de caráter constitucional, e não raramente concorrente com alguma forma psicogênica. Observo que, em boa parte das vezes, um amontoado de nomes acaba tirando o foco de uma doença que efetivamente possa ter alguma forma de correlação com o trabalho. Ao simplesmente transcrever várias terminologias médicas em uma só inicial objetivando “encaixar” pelo menos uma doença junto ao médico perito, o patrono do reclamante acaba, na maior parte das vezes, colocando tudo a perder.
Recordo-me de um exemplo prático em que o advogado da parte reclamante citava braços, ombros, punhos, mãos, dedos, derrame do joelho, abaulamento discal, entre outras, quando, na realidade, efetivamente havia elementos apontando para uma tenossinovite de punho. O uso de tantos nomes na inicial (extraídos do histórico inteiro do reclamante) acabou levando o perito a investigar mais atenciosamente estados pregressos e condições reumáticas, deixando efetivamente de considerar a doença do punho, uma condição localizada que até se mostrava plausível quanto aos anseios da parte. Notadamente, deixou-se de abordar incisivamente uma afecção que poderia eventualmente levá-lo ao sucesso na empreitada.
Cabe pontuar que doenças ortopédicas ocupacionais são reativas a determinado fator de risco efetivamente presente, na maior parte das vezes acometendo um segmento anatômico, sendo certo que iniciais do tipo COMBO, não raramente, acabam culminando ou, no mínimo, atrapalhando o caminho do êxito.